domingo, 28 de outubro de 2012

Off

Vou matar este blog.
Não vou descrever as razões para tal, mas tenho-as.
Talvez um dia esteja pronto a abrir o jogo, mas agora não.
Se é um erro? Talvez... Mas não!
Só o futuro dirá se ganharei outras razões que, neste blog, me façam escrever.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

...e o ratinho que voou.

Hoje é o dia mundial dos animais. Quis anunciá lo com uma foto da minha adorada Jackie que passeia agora pelas ruas de Lisboa de trela dada ao meu irmão. Que saudades!!! Valha-me o skype que ma mostra todos os dias...não me vê (pelos vistos não tem capacidades visuais para me reconhecer na tela do Laptop)..mas ouve-me :)...e com movimentos engraçados coloca a cabeça de lado, ora para a esquerda, ora para a direita. Mas o dono está ali?
Tenho olhado muito para os cachorros que para aqui andam. São felizes? À maneira deles...talvez. O que é certo é que ali andam, pelos Kimbos e Mussecos...uns gordinhos que dormem ao sol e outros nem tanto...mas que encontram comida por aí. Vivem em comunhão com a população e estão sempre por perto de quem se senta (por norma os mais velhos) nas cadeiras à sombra de guarda-sóis junto à estrada.
Hoje saí para mais uma incursão pelas ruas de Luanda à procura de respostas mais rápidas que os e-mails. Foi um dia bom! E fartei-me de rir! Não devia mas...não aguentei...situação caricata a meio do dia mundial dos animais.
Porquê? Estava no meio de um trânsito alucinante que à quinta-feira, sabe-se lá porquê, tem tendência a agravar. Conversava relaxadamente com o Bastos quando, de repente, tivemos uma visita surpresa!!! Vindo não se sabe de onde, uma manchinha bege de orelhas arrebitadas resolveu passarinhar no pára-brisas. Era bonito, tenho de admitir! Talvez por ser pequeno, bege e com focinho de quem procura pistas, ou até pela minha eterna paixão pelos bichos, achei-lhe piada.
Se o tempo tivesse parado, mas a mente prosseguisse, teria calmamente levantado o telemóvel para gravar a aventura deste audaz pequeno. Conseguiria uma foto única! Talvez passível de risadas no Facebook...
Mas o tempo não parou e, antes que tivesse reacção para pensar fazer o que quer que fosse, o Bastos accionou o limpa pára-brisas...e o ratinho voou.


sábado, 29 de setembro de 2012

Conduzir...sem GPS e aos poucos!



Ainda em Portugal procurei saber se no mercado online havia coisas tipo TomTom para Angola. Pois...sem alongar muito a história, vim sem ele! Há hábitos que nos deixam meios tótós. Devia existir um manual para estes sobre guiar no estrangeiro sem GPS. Se houver, comprem, nunca se sabe.
Nem mesmo o meu "dependable" Google Maps consegue matar as saudades daquela voz sensual que nos diz, vire à direita e dê a volta quando for possivel. Nada! Também não admira, aqui não há ordenamento rodoviário... - onde estás? onde reunimos?  - Pah..estou aqui perto do Skyna, naquela rua que sobe... - Ya, quando estiver a passar aí perto, ligo. E assim se anda. O importante é conhecer o terreno. Não há outra solução.
Desde que cheguei a Luanda que sou conduzido pelo chauffer. Com muita paciência, o Bastos leva-me a todo o lado! Até porque não há estacionamento, por isso ele deixa-me onde tenho que ir e vai dar voltas ao quarteirão. Assim decorrem os dias.
Quando cai a noite...tipo 18h30 (deste lado do mundo o sol escapa-se cedinho), o caso muda de figura. Sem Bastos, que foi para casa ter com a família, dependemos de nós próprios ou de uma amiga ou amigo que cá está há mais tempo. Ou seja, para não sermos os chatos que nunca trazem o carro e podem sempre beber, há que aprender depressa.
Às voltas por aí, vai-se aprendendo alguma coisa. Isto é, se esquecermos o trânsito alucinante do dia-a-dia, até nos achamos capazes.
Ao fim-de-semana, das duas uma, ou ficamos em casa, ou aventura-mo-nos! Foi o que fiz neste 1º sábado. De mochila na mala, carta de condução internacional no bolso e alguma determinação, pus-me ao volante. De salvaguardar que qualquer expatriado que leia estas palavras vai rir-se e gozar-me porque também passou por isto...
Orgulhosamente, recordei o caminho da marginal (Luanda) até Talatona...45 minutos. Cheguei sem enganos e sem percalços. Boa!
O dia foi passado estendido ao sol, na piscina de um condomínio onde mora uma amiga...segundo escaldão do ano.
No final do dia, era hora de voltar. E tudo correu bem até ao momento em que, distraidamente, deixei-me seguir para a Ilha de Luanda e não para a marginal...devia estar com uma vontade escondida de ir ao Tamariz curtir um sábado à noite alcoolicamente bem disposto. Enfim, dou a volta logo ali, pensei... Atento à primeira escapatória de inversão, porque para ali nunca tinha ido, segui  calmamente pela ilha. Finalmente, à esquerda, aí estava ela. E teria virado, não fosse uma mão de luva branca estendida no ar que me obrigou a estacionar...pumba, operação stop.


Há muitas histórias sobre os agentes da autoridade aqui em Luanda. Umas verdadeiras e outras...também.
- A sua carta de condução e documentos da viatura por favor.
- Boa tarde! Aqui está a carta...quanto aos documentos da viatura tem que me ajudar!
- ...?
- (abrindo o porta luvas) Pois...é isto?
- É isso! Tem o seguro?
- Deixe ver...tá aqui!
Após umas voltas à viatura, o agente entregou-me os documentos e a carta..."sem maca" (tradução - Sem problemas).
- Pode seguir!
- Olhe, dê-me uma ajuda, diga-me como posso dar a volta para trás. (porque a dita escapatória tinha ficado uns metros antes.
Com um sorriso de quem pensa "olha-me a lata deste", o agente olhou em redor...o que me fez entender que para virar, só no fim da ilha...oops.
Mas, logo a seguir.
- Vem para trás que eu tiro o cone do meio.
Assim fiz, e o agente calmamente caminhou atrás de mim enquanto eu fazia a manobra à retaguarda de reaproximação à escapatória.
- Obrigado! Gritei eu pela janela.
Amavelmente levantou a luva branca e apontou para a frente.
Rapidamente e após mais uma aventura (sim, porque já tive umas quantas aventuras com os agente da autoridade...mas disto falarei noutra altura), cheguei ao meu destino.
Conclusão, mesmo sem GPS, isto vai...



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Hoje fui a compras...



Hoje fui a compras. Passei o dia a trabalhar em Talatona (localidade a sul de Luanda) e no final da tarde decidi encher o frigorífico de coisas que lutarão desenfreadamente contra a minha ideia do vou aproveitar e  emagrecer enquanto cá estou.
Confesso que estava em pulgas para ter uma noção do que (também) faz de Luanda a 2ª cidade mais cara do mundo...
Um pequeno adiantamento para se ter noção do porquê da fama:

  • Arrendar casa - Mais caro que Manhattan!!! 
  • Comprar carro ou moto - Mais caro que em Portugal...sério!!
  • Multas de condução - ...nem sei exemplificar, credo!
  • Jantar fora - mínimo de 60 dólares por pessoa (sou tuga...gosto de comer)
  • Roupa - Camisa básica em loja - 130 dólares
  • Hotel - Mínimo de 200 dólares por noite...onde de facto se possa dormir.
  • Consultas médicas - Não vou dizer...não tenho coragem. (seguro obrigatório!!!)
  • etc...
Enfim, uma quantidade de coisas que...como dizer...é isso! Queres mais barato? Compra na rua enquanto passas de carro nas vias loucamente movimentadas (velocidade média...1 km/h). É só abrir a janela e negociar...

Também somos agradavelmente surpreendidos, nós os fumadores e condutores inveterados...
  • Gasolina - 0,55 dólares/litro
  • Tabaco - 1 dólar (Maço Rothmans)
  • hehehehehehe ;)
Ok, não é tudo mau! Há que saber como e onde comprar tudo para obter as melhores promoções, os melhores produtos e serviços. Mas no fundo, anda por aí.

Então hoje fui a compras. Supermercado! Bom, muito asseado, organizado, bonito até. Boa, vou encher o frigo...ou não!
Uns 30 segundos após entrar, perdi a fome. É verdade...afinal é verdade. Mas de peito cheio e carteira em punho avancei contra tudo e contra todos. Sorri o tempo todo. Até à caixa...
  • Arroz Cigala - 2,95 dólares o kilo
  • Salsichas - 2,00 dólares a lata
  • Atum - 1,75 dólares a lata
  • Ketchup - 3,45 dólares o frasquinho
  • Batata frita - 3,25 dólares o saco de 170gr
  • Sumo tipo compal - 2,75 dólares 1L
  • Mostarda - 3,90 dólares o frasquinho
  • 8 fatias de salpicão - 29 dólares (também mereço, não?...sou do norte e adoro petiscar!)
  • 8 fatias de chouriço - 23 dólares ( »   » )
  • Pizza congelada - 6,45 dólares
  • Iogurte - 3,30 dólares cada um
  • Queijo flamengo - 14,50 dólares meia bola....
  • etc...
Eu normalmente não olho muito para os preços das coisas quando, em Portugal, vou ao supermercado. Mas no final, a cada semana, a conta rondava os 50eur...só para mim. Aqui? Sem grandes mimos e sem o básico para uma semana...146 dólares. Snif, snif...

Enfim, que garantam bem os futuros tugas expatriados, as suas condições. Isto ainda é carito.


Por isso e pelas maravilhosas Baía e Ilha, chamam a Luanda...o mónaco de África

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Pronto...e tudo o que vem aí.




Cá estou na Kapital angolana. Uso o K porque não há nada que se assemelhe senão aqueles movimentos nocturnos que noutros tempos conheci pelas ruas da nossa capital, Kremlin, Kapital, ou outros Krns quaisquer que por esse mundo fora proliferam. Luanda...que desapego de normalidade incomum.
Bem, despedi-me ontem com uma sensação há muito perdida. Aquelas Despedidas torcidas que nos deixam incertos do que estamos a fazer...causticas e lacrimosas, capazes de nos fazer perder noções de organização. E confesso que me considero organizado, mas ali, não fui. Benditas as portas do elevador que interrompem olhares húmidos...pah, violento.
Carreguei um peso pesado às costas, não, minto, deslizei-o. Malas e mais malas com excesso de peso à vista do check-in. Mas eu sou agente, (a)gente, e por isso tenho sorrisos que até nem se importam que a balança acuse a PS3 a mais, ou até o exagero de camisas para a batalha. Enfim, o problema colocava-se à chegada. Um entre muitos, carregado até aos dentes, não convém perder nada, diga-se.
De olhar posto nos olhos que dominavam o balcão fiz-me parecer um habitué. Lá fui, sorri e arquei com a coragem. Upgrade! Upgrade? Sim, Upgrade! ...certo, Upgrade! ...e lá entrei pela porta da frente até à poltrona da aeronave que tão confortavelmente se transforma num leito para uma viagem nocturna...ah, dormir. E sonhei que me fartei. Acompanhado pela beldade da poltrona da esquerda que, após deixar cair uma quantas vezes as maletas em cima da minha (...), depressa se horizontalizou e sonhou ao meu lado.
Abri os olhos ao som de uma voz distorcida que parecia conversar com todos. ... convém terem a noção de tempo e de espaço..."por isso pedimos aos senhores passageiros que coloquem as poltronas na vertical durante a aterragem". Devo dizer que adorei o detalhe.
Ao invés das demais vezes, entrei no aeroporto 4 de Fevereiro, na Kapital, com uma velocidade estonteante. Estava vazio. Os outro voos estavam atrasados e por isso o terreno era só nosso. Que entrada flash! Em menos de 10 minutos estava deleitado com aquele nervoso miudinho de quem aguarda as malas, tantas e tão pesadas. ...pois... 2 horas mais tarde e alguns telefonemas para quem me aguardava impaciente na saída, eis que tenho de carregar tudo de novo. Aí estavam elas, a PS3 e as camisas, encarceradas com cadeados e muita fita à volta do invólucro.
Lá fora havia um mar de gente. E eu ali no meio, tipo polvo de 8 braços à volta da minha fogueira...sim, capaz de incendiar a multidão. Mais um telefonema e o sorriso expressivo da personagem exausta de tanta espera surge no meio daquela feira para me emprestar dois braços. Assim, sim. - o carro está no parque, temos de ir por ali!...com um sotaque mwalgolé formidavelmente carinhoso, desatou a deslizar pelo meio de tantos, e eu atrás.
Já no carro, conduzido por quem diariamente me irá transportar pela Kapital, apercebi-me que o Verão que ainda agora começou aqui, tem alguns dias cinzentos. Mas a temperatura aconchega e a humidade refresca.
A loucura que se seguiu parecia parte de um filme mudo. Nós, lá dentro e com o AC a fazer o seu trabalho, e as imagens projectadas na nossas janelas de um infinito número de automóveis que empurravam o tempo, lentamente...é fantástico de ver, mas louco de sentir.
Chegado ao meu destino, de olhos postos na paisagem, observei quão bonita está a nova Baía. Até quando? Há que conservar. A Baía de Luanda é indescritível. Deixo-a à imaginação das mentes de quem não a vê, todos os dias, ao acordar. E o mar ali...gosto.
Deu mesmo tempo para ver a comitiva do ZéDu que de ferozes batedores e muita farda à mistura, passou na minha porta de sirenes ligadas. Nunca é demais observar tamanha agitação, em miúdo adorava estas coisas.
Atirei-me com toda a força ao que vim para cá fazer...e correu bem, quem corre por gosto...trabalha!
A noite caiu depressinha. Hoje, no meu novo espaço, vou deixar que a noite da Baía me afague a saudade. Apesar das tentações da rua, foi um dia em cheio e há que ganhar forças. Amanhã é outro dia e África não espera. Estou pronto...e tudo o que vem aí.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Mundo Novo...Chip Novo

Estou por Lisboa! Ainda.
De voo marcado para Luanda, há que "ultrapassar" os últimos dias antes da aventura. Tratar de malas...grandes...do visto...outro, das despedidas...festas...e da preparação do novo chip.
Há que mudar, o que até vem em boa altura, o meu país anda de luto! Este blog não tem motivos políticos, por isso prefiro deixar estes comentários para outro espaço...mas que estou furioso, estou deveras e como nunca pensei...furioso! De certa forma sinto-me mal, como quem abandona o barco...mas, sem mais, vou-me.
Para o país que dentro de poucos dias me deverá receber é necessário mudar o chip. Em conversas divertidas onde as perguntas são muitas, chego à conclusão que quem consegue "alterar as definições da sua motherboard" (o que não é fácil), depressa conseguirá absorver o Modo Angola. Porque, de facto, é necessário mudar o chip.
Viver em Angola, aliás, trabalhar e viver em Angola requer adaptação a algo completamente diferente. A realidade das coisas, das gentes, do ar, do ser humano é...diferente, tão diferente.
Até o tempo, o tic-tac do tempo, passa de forma completamente diferente...qual minuto Swatch ajustado ao sol de África.
Por isso vos deixo aqui a minha opinião. Mudar o chip! Os valores, as opiniões, os olhares, tudo o que pensamos e consideramos tem de sofrer um ajuste. O que lá se nos apresenta é, como recentes amizades tão bem o colocaram, um Mundo Novo. Por isso até as mais pequenas observações sobre o quente, o olá matinal ou mesmo o salto que damos por cima de um buraco na estrada (lá são muitos) requer um novo sorriso.
Ah, sim, sorriam muito. Rir requer músculos e o exercício destes cria enzimas favoráveis ao absorver da nova realidade!
Enfim, não se trata da obra de Aldous Huxley - "Admirável Mundo Novo"...eu intitulá-lo-ia antes, numa brincadeira com as palavras de quem escreve por gozo, "O Novo e Admirável Mundo Velho"...berço da humanidade.