domingo, 28 de outubro de 2012

Off

Vou matar este blog.
Não vou descrever as razões para tal, mas tenho-as.
Talvez um dia esteja pronto a abrir o jogo, mas agora não.
Se é um erro? Talvez... Mas não!
Só o futuro dirá se ganharei outras razões que, neste blog, me façam escrever.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

...e o ratinho que voou.

Hoje é o dia mundial dos animais. Quis anunciá lo com uma foto da minha adorada Jackie que passeia agora pelas ruas de Lisboa de trela dada ao meu irmão. Que saudades!!! Valha-me o skype que ma mostra todos os dias...não me vê (pelos vistos não tem capacidades visuais para me reconhecer na tela do Laptop)..mas ouve-me :)...e com movimentos engraçados coloca a cabeça de lado, ora para a esquerda, ora para a direita. Mas o dono está ali?
Tenho olhado muito para os cachorros que para aqui andam. São felizes? À maneira deles...talvez. O que é certo é que ali andam, pelos Kimbos e Mussecos...uns gordinhos que dormem ao sol e outros nem tanto...mas que encontram comida por aí. Vivem em comunhão com a população e estão sempre por perto de quem se senta (por norma os mais velhos) nas cadeiras à sombra de guarda-sóis junto à estrada.
Hoje saí para mais uma incursão pelas ruas de Luanda à procura de respostas mais rápidas que os e-mails. Foi um dia bom! E fartei-me de rir! Não devia mas...não aguentei...situação caricata a meio do dia mundial dos animais.
Porquê? Estava no meio de um trânsito alucinante que à quinta-feira, sabe-se lá porquê, tem tendência a agravar. Conversava relaxadamente com o Bastos quando, de repente, tivemos uma visita surpresa!!! Vindo não se sabe de onde, uma manchinha bege de orelhas arrebitadas resolveu passarinhar no pára-brisas. Era bonito, tenho de admitir! Talvez por ser pequeno, bege e com focinho de quem procura pistas, ou até pela minha eterna paixão pelos bichos, achei-lhe piada.
Se o tempo tivesse parado, mas a mente prosseguisse, teria calmamente levantado o telemóvel para gravar a aventura deste audaz pequeno. Conseguiria uma foto única! Talvez passível de risadas no Facebook...
Mas o tempo não parou e, antes que tivesse reacção para pensar fazer o que quer que fosse, o Bastos accionou o limpa pára-brisas...e o ratinho voou.


sábado, 29 de setembro de 2012

Conduzir...sem GPS e aos poucos!



Ainda em Portugal procurei saber se no mercado online havia coisas tipo TomTom para Angola. Pois...sem alongar muito a história, vim sem ele! Há hábitos que nos deixam meios tótós. Devia existir um manual para estes sobre guiar no estrangeiro sem GPS. Se houver, comprem, nunca se sabe.
Nem mesmo o meu "dependable" Google Maps consegue matar as saudades daquela voz sensual que nos diz, vire à direita e dê a volta quando for possivel. Nada! Também não admira, aqui não há ordenamento rodoviário... - onde estás? onde reunimos?  - Pah..estou aqui perto do Skyna, naquela rua que sobe... - Ya, quando estiver a passar aí perto, ligo. E assim se anda. O importante é conhecer o terreno. Não há outra solução.
Desde que cheguei a Luanda que sou conduzido pelo chauffer. Com muita paciência, o Bastos leva-me a todo o lado! Até porque não há estacionamento, por isso ele deixa-me onde tenho que ir e vai dar voltas ao quarteirão. Assim decorrem os dias.
Quando cai a noite...tipo 18h30 (deste lado do mundo o sol escapa-se cedinho), o caso muda de figura. Sem Bastos, que foi para casa ter com a família, dependemos de nós próprios ou de uma amiga ou amigo que cá está há mais tempo. Ou seja, para não sermos os chatos que nunca trazem o carro e podem sempre beber, há que aprender depressa.
Às voltas por aí, vai-se aprendendo alguma coisa. Isto é, se esquecermos o trânsito alucinante do dia-a-dia, até nos achamos capazes.
Ao fim-de-semana, das duas uma, ou ficamos em casa, ou aventura-mo-nos! Foi o que fiz neste 1º sábado. De mochila na mala, carta de condução internacional no bolso e alguma determinação, pus-me ao volante. De salvaguardar que qualquer expatriado que leia estas palavras vai rir-se e gozar-me porque também passou por isto...
Orgulhosamente, recordei o caminho da marginal (Luanda) até Talatona...45 minutos. Cheguei sem enganos e sem percalços. Boa!
O dia foi passado estendido ao sol, na piscina de um condomínio onde mora uma amiga...segundo escaldão do ano.
No final do dia, era hora de voltar. E tudo correu bem até ao momento em que, distraidamente, deixei-me seguir para a Ilha de Luanda e não para a marginal...devia estar com uma vontade escondida de ir ao Tamariz curtir um sábado à noite alcoolicamente bem disposto. Enfim, dou a volta logo ali, pensei... Atento à primeira escapatória de inversão, porque para ali nunca tinha ido, segui  calmamente pela ilha. Finalmente, à esquerda, aí estava ela. E teria virado, não fosse uma mão de luva branca estendida no ar que me obrigou a estacionar...pumba, operação stop.


Há muitas histórias sobre os agentes da autoridade aqui em Luanda. Umas verdadeiras e outras...também.
- A sua carta de condução e documentos da viatura por favor.
- Boa tarde! Aqui está a carta...quanto aos documentos da viatura tem que me ajudar!
- ...?
- (abrindo o porta luvas) Pois...é isto?
- É isso! Tem o seguro?
- Deixe ver...tá aqui!
Após umas voltas à viatura, o agente entregou-me os documentos e a carta..."sem maca" (tradução - Sem problemas).
- Pode seguir!
- Olhe, dê-me uma ajuda, diga-me como posso dar a volta para trás. (porque a dita escapatória tinha ficado uns metros antes.
Com um sorriso de quem pensa "olha-me a lata deste", o agente olhou em redor...o que me fez entender que para virar, só no fim da ilha...oops.
Mas, logo a seguir.
- Vem para trás que eu tiro o cone do meio.
Assim fiz, e o agente calmamente caminhou atrás de mim enquanto eu fazia a manobra à retaguarda de reaproximação à escapatória.
- Obrigado! Gritei eu pela janela.
Amavelmente levantou a luva branca e apontou para a frente.
Rapidamente e após mais uma aventura (sim, porque já tive umas quantas aventuras com os agente da autoridade...mas disto falarei noutra altura), cheguei ao meu destino.
Conclusão, mesmo sem GPS, isto vai...



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Hoje fui a compras...



Hoje fui a compras. Passei o dia a trabalhar em Talatona (localidade a sul de Luanda) e no final da tarde decidi encher o frigorífico de coisas que lutarão desenfreadamente contra a minha ideia do vou aproveitar e  emagrecer enquanto cá estou.
Confesso que estava em pulgas para ter uma noção do que (também) faz de Luanda a 2ª cidade mais cara do mundo...
Um pequeno adiantamento para se ter noção do porquê da fama:

  • Arrendar casa - Mais caro que Manhattan!!! 
  • Comprar carro ou moto - Mais caro que em Portugal...sério!!
  • Multas de condução - ...nem sei exemplificar, credo!
  • Jantar fora - mínimo de 60 dólares por pessoa (sou tuga...gosto de comer)
  • Roupa - Camisa básica em loja - 130 dólares
  • Hotel - Mínimo de 200 dólares por noite...onde de facto se possa dormir.
  • Consultas médicas - Não vou dizer...não tenho coragem. (seguro obrigatório!!!)
  • etc...
Enfim, uma quantidade de coisas que...como dizer...é isso! Queres mais barato? Compra na rua enquanto passas de carro nas vias loucamente movimentadas (velocidade média...1 km/h). É só abrir a janela e negociar...

Também somos agradavelmente surpreendidos, nós os fumadores e condutores inveterados...
  • Gasolina - 0,55 dólares/litro
  • Tabaco - 1 dólar (Maço Rothmans)
  • hehehehehehe ;)
Ok, não é tudo mau! Há que saber como e onde comprar tudo para obter as melhores promoções, os melhores produtos e serviços. Mas no fundo, anda por aí.

Então hoje fui a compras. Supermercado! Bom, muito asseado, organizado, bonito até. Boa, vou encher o frigo...ou não!
Uns 30 segundos após entrar, perdi a fome. É verdade...afinal é verdade. Mas de peito cheio e carteira em punho avancei contra tudo e contra todos. Sorri o tempo todo. Até à caixa...
  • Arroz Cigala - 2,95 dólares o kilo
  • Salsichas - 2,00 dólares a lata
  • Atum - 1,75 dólares a lata
  • Ketchup - 3,45 dólares o frasquinho
  • Batata frita - 3,25 dólares o saco de 170gr
  • Sumo tipo compal - 2,75 dólares 1L
  • Mostarda - 3,90 dólares o frasquinho
  • 8 fatias de salpicão - 29 dólares (também mereço, não?...sou do norte e adoro petiscar!)
  • 8 fatias de chouriço - 23 dólares ( »   » )
  • Pizza congelada - 6,45 dólares
  • Iogurte - 3,30 dólares cada um
  • Queijo flamengo - 14,50 dólares meia bola....
  • etc...
Eu normalmente não olho muito para os preços das coisas quando, em Portugal, vou ao supermercado. Mas no final, a cada semana, a conta rondava os 50eur...só para mim. Aqui? Sem grandes mimos e sem o básico para uma semana...146 dólares. Snif, snif...

Enfim, que garantam bem os futuros tugas expatriados, as suas condições. Isto ainda é carito.


Por isso e pelas maravilhosas Baía e Ilha, chamam a Luanda...o mónaco de África

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Pronto...e tudo o que vem aí.




Cá estou na Kapital angolana. Uso o K porque não há nada que se assemelhe senão aqueles movimentos nocturnos que noutros tempos conheci pelas ruas da nossa capital, Kremlin, Kapital, ou outros Krns quaisquer que por esse mundo fora proliferam. Luanda...que desapego de normalidade incomum.
Bem, despedi-me ontem com uma sensação há muito perdida. Aquelas Despedidas torcidas que nos deixam incertos do que estamos a fazer...causticas e lacrimosas, capazes de nos fazer perder noções de organização. E confesso que me considero organizado, mas ali, não fui. Benditas as portas do elevador que interrompem olhares húmidos...pah, violento.
Carreguei um peso pesado às costas, não, minto, deslizei-o. Malas e mais malas com excesso de peso à vista do check-in. Mas eu sou agente, (a)gente, e por isso tenho sorrisos que até nem se importam que a balança acuse a PS3 a mais, ou até o exagero de camisas para a batalha. Enfim, o problema colocava-se à chegada. Um entre muitos, carregado até aos dentes, não convém perder nada, diga-se.
De olhar posto nos olhos que dominavam o balcão fiz-me parecer um habitué. Lá fui, sorri e arquei com a coragem. Upgrade! Upgrade? Sim, Upgrade! ...certo, Upgrade! ...e lá entrei pela porta da frente até à poltrona da aeronave que tão confortavelmente se transforma num leito para uma viagem nocturna...ah, dormir. E sonhei que me fartei. Acompanhado pela beldade da poltrona da esquerda que, após deixar cair uma quantas vezes as maletas em cima da minha (...), depressa se horizontalizou e sonhou ao meu lado.
Abri os olhos ao som de uma voz distorcida que parecia conversar com todos. ... convém terem a noção de tempo e de espaço..."por isso pedimos aos senhores passageiros que coloquem as poltronas na vertical durante a aterragem". Devo dizer que adorei o detalhe.
Ao invés das demais vezes, entrei no aeroporto 4 de Fevereiro, na Kapital, com uma velocidade estonteante. Estava vazio. Os outro voos estavam atrasados e por isso o terreno era só nosso. Que entrada flash! Em menos de 10 minutos estava deleitado com aquele nervoso miudinho de quem aguarda as malas, tantas e tão pesadas. ...pois... 2 horas mais tarde e alguns telefonemas para quem me aguardava impaciente na saída, eis que tenho de carregar tudo de novo. Aí estavam elas, a PS3 e as camisas, encarceradas com cadeados e muita fita à volta do invólucro.
Lá fora havia um mar de gente. E eu ali no meio, tipo polvo de 8 braços à volta da minha fogueira...sim, capaz de incendiar a multidão. Mais um telefonema e o sorriso expressivo da personagem exausta de tanta espera surge no meio daquela feira para me emprestar dois braços. Assim, sim. - o carro está no parque, temos de ir por ali!...com um sotaque mwalgolé formidavelmente carinhoso, desatou a deslizar pelo meio de tantos, e eu atrás.
Já no carro, conduzido por quem diariamente me irá transportar pela Kapital, apercebi-me que o Verão que ainda agora começou aqui, tem alguns dias cinzentos. Mas a temperatura aconchega e a humidade refresca.
A loucura que se seguiu parecia parte de um filme mudo. Nós, lá dentro e com o AC a fazer o seu trabalho, e as imagens projectadas na nossas janelas de um infinito número de automóveis que empurravam o tempo, lentamente...é fantástico de ver, mas louco de sentir.
Chegado ao meu destino, de olhos postos na paisagem, observei quão bonita está a nova Baía. Até quando? Há que conservar. A Baía de Luanda é indescritível. Deixo-a à imaginação das mentes de quem não a vê, todos os dias, ao acordar. E o mar ali...gosto.
Deu mesmo tempo para ver a comitiva do ZéDu que de ferozes batedores e muita farda à mistura, passou na minha porta de sirenes ligadas. Nunca é demais observar tamanha agitação, em miúdo adorava estas coisas.
Atirei-me com toda a força ao que vim para cá fazer...e correu bem, quem corre por gosto...trabalha!
A noite caiu depressinha. Hoje, no meu novo espaço, vou deixar que a noite da Baía me afague a saudade. Apesar das tentações da rua, foi um dia em cheio e há que ganhar forças. Amanhã é outro dia e África não espera. Estou pronto...e tudo o que vem aí.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Mundo Novo...Chip Novo

Estou por Lisboa! Ainda.
De voo marcado para Luanda, há que "ultrapassar" os últimos dias antes da aventura. Tratar de malas...grandes...do visto...outro, das despedidas...festas...e da preparação do novo chip.
Há que mudar, o que até vem em boa altura, o meu país anda de luto! Este blog não tem motivos políticos, por isso prefiro deixar estes comentários para outro espaço...mas que estou furioso, estou deveras e como nunca pensei...furioso! De certa forma sinto-me mal, como quem abandona o barco...mas, sem mais, vou-me.
Para o país que dentro de poucos dias me deverá receber é necessário mudar o chip. Em conversas divertidas onde as perguntas são muitas, chego à conclusão que quem consegue "alterar as definições da sua motherboard" (o que não é fácil), depressa conseguirá absorver o Modo Angola. Porque, de facto, é necessário mudar o chip.
Viver em Angola, aliás, trabalhar e viver em Angola requer adaptação a algo completamente diferente. A realidade das coisas, das gentes, do ar, do ser humano é...diferente, tão diferente.
Até o tempo, o tic-tac do tempo, passa de forma completamente diferente...qual minuto Swatch ajustado ao sol de África.
Por isso vos deixo aqui a minha opinião. Mudar o chip! Os valores, as opiniões, os olhares, tudo o que pensamos e consideramos tem de sofrer um ajuste. O que lá se nos apresenta é, como recentes amizades tão bem o colocaram, um Mundo Novo. Por isso até as mais pequenas observações sobre o quente, o olá matinal ou mesmo o salto que damos por cima de um buraco na estrada (lá são muitos) requer um novo sorriso.
Ah, sim, sorriam muito. Rir requer músculos e o exercício destes cria enzimas favoráveis ao absorver da nova realidade!
Enfim, não se trata da obra de Aldous Huxley - "Admirável Mundo Novo"...eu intitulá-lo-ia antes, numa brincadeira com as palavras de quem escreve por gozo, "O Novo e Admirável Mundo Velho"...berço da humanidade.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

(In)segurança...

Tenho uma certa dificuldade (para variar) em transmitir uma ideia concreta sobre a vida em Angola. Das duas uma, ou não sou bom na escrita descritiva, ou ainda cá não estive tempo suficiente para o fazer.
Procurei perceber a ideia transmitida por tantos e tão poucos sobre o factor da falta de segurança. Quando se fala na vida em Angola, muitos somos os que nos resguardamos atrás desta realidade para assumir um certo mal-estar face a esta terra. Normal...diria eu, se assumirmos que o que nos dizem é, de facto, assim.
Não posso falar em consciência! Não, até porque uma semana apenas é insuficiente para ter uma ideia global. No entanto, o que posso é falar do que vi neste curto tempo que aqui passei. Se me vai condicionar a ideia criada quando para cá voltar de vez? Talvez...mas não imponho tal pensamento à minha forma de estar. Vivo o presente e faço das partículas do meu tempo, uma verdade absoluta.



Os dias passaram a correr, de reunião em reunião, aprendendo a vida angolana e conhecendo muita gente de cá e outra que cá está! Subitamente cheguei a sexta-feira sem que desse por isso. Haviam-me já avisado, os outros expatriados, que aqui o tempo passa mais depressa. E que, sem saber muito bem porquê, ficamos mais cansados...no início. Eu diria que sim, até tenho sono.
Sendo um expatriado, no início, destaco-me (pensava eu) quando no meio da restante população. Era giro de me ver. Mas o tempo passa e, após algum tempo deixo de reparar nesse detalhe...faço parte. Os pulas que para cá vêm pela primeira vez tendem a pensar que tudo e todos olham para ele...sim, também passei por isso. Mas o facto é que, passados uns dias, reparei que não...durante o dia sou mais um, não tão moreno, que provavelmente veio de fora e para aqui anda. Há ruas onde estrangeiro anda a pé...porque pode; e há ruas onde anda só de carro...porque deve. Estou a falar da cidade, Luanda, no meio da sua multitude de gentes, carros, prédios, lojas, empresas, lixo e pó (tanto, tanto pó). Saindo do centro...não é bem assim, mas lá chegarei. E de noite o caso também muda de figura, há que reajustar...mas também lá chegarei noutros textos. A (in)segurança existe, sim, se deixada ao acaso. Mas os hábitos criam-se e quando se assumem deixam de arreliar...são hábitos. A título de exemplo, não deixei de estacionar o carro, sair, atravessar umas quantas ruas e cruzamentos, acabando a comer uma bola-de-berlim numa confeitaria de esquina. É que nós os expatriados andamos por aqui, uns de carro e outros a pé, sem deixar de saborear tudo o que esta terra tem para oferecer.

Correndo tudo como previsto, se Deus quiser, volto para ficar cá não tarda nada...mas agora vou embora, no avião das 0h10 para Lisboa. Darei notícias. Parece impossível, mas deixo cá uma parte do coração....gostei e gosto disto!



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Cheguei!


Cheguei! Foi-me dada a "vantagem" de poder observar como tudo é por terras do Zédu (o sr. Presidente José Eduardo dos Santos) antes de, de facto e de malas&bagagens, assumir este país como residência. Sairei daqui mais informado e, correndo tudo como o previsto, para cá viajarei dentro de poucas semanas...para ficar! Até quando? Só Deus sabe...e eu feliz!
Pois é, já começo a pensar com sotaque Mwangolé e ainda agora cá cheguei...o que influencia a escrita. Desculpem...
Estamos em Agosto, terceira semana, e cá vim parar durante uns dias para absorver ideias e conhecer o território, as pessoas, os negócios, o trânsito, o clima...os restantes pulas (nome dado aos portugas que para cá vêm), os candongueiros, os senhores agentes da autoridade, entre tantas outras coisas.
Cheguei segunda-feira de madrugada, voo TAAG. Confesso que fiquei surpreendido pelo número de horas necessárias para cá chegar...7h30 de voo (valha-nos as vicissitudes do emprego que me trouxe em executiva...).
Hoje é quarta-feira! Isto é, demorei 3 dias até conseguir tempo mental para escrever...estou a ver que o projecto deste blog vai ser menor que o pensado. E não o digo porque não me sobra tempo para pensar ou nada tenho para contar. Não, nada disso. O problema é não encontrar a fórmula mágica para conseguir transformar o que vejo, o que sinto, o que cheiro e o que absorvo aqui...em palavras. Afinal...isto, é África!
Saí do avião pelas 5h30 da manhã e depressa me apercebi que o que sentia nos pêlos dos braços, não era chuva mas sim humidade. Os pulmões passaram um pouco pela fase da cabeça debruçada numa panela a ferver com toalha à volta...quem teve asma sabe do que falo...até que se adaptaram ao confortável inspirar de quem fuma um cachimbo de água. O sol já estava a subir, ainda que devagarinho.
Chegados à alfândega, tudo decorreu sem stress (ou sem maca, como aqui se diz). Quando dei por mim, estava já de malas&bagagens num local azafamado, apesar da hora, nas ruas de Luanda, cheias de gente. Atravessei a estrada e liguei o botão do ON...havia consertado comigo mesmo que antes de abraçar este país, deveria saber tanto ou mais de como aqui viver, quanto os outros pulas que já cá estavam; Por isso li, perguntei, li, perguntei, li e perguntei!!! Imenso! ...então liguei o modo Angola, saber estar e viver.
Aconselho aos demais corajosos, loucos ou simplesmente distraídos que para cá estejam a pensar vir, a fazer o mesmo...ajuda, parece que somos da casa...
Então comecei a viver Angola!
Não quero com isto dizer nada de extraordinário...antes que retirem alguma ilação das minhas palavras sobre se isto é bom, mau, assustador, ou outro adjectivo que prefiram usar...mas ao fim de 3 dias, eu...estou apaixonado por Angola! Não é para todos...não, não é...e como se costuma dizer aqui, ou se ama, ou se odeia. Verdade!
Um detalhe que me saltou aos sentidos, foi o cheiro. É indescritível. O mais aproximado que consegui inventar para passar a mensagem foi, sem ainda assim achar que consigo transmitir o correcto, o momento em que entramos num carro novo, mas que esteve umas horas ao sol, numa praia sem sombra, 2 segundos após ligarmos o AC...ou seja, impossível descrever, muito menos de imaginar. E não, se me perguntarem, não é desagradável, antes pelo contrário.
Finalmente, ainda hoje, quero falar-vos da luz! Lembram-se certamente alguns, da realização do filme África Minha, com a maravilhosa Meryl Streep e o Robert Redford. Aí está! A luz! Não há igual!




...



Entretanto passaram-se 3 dias. Hoje e neste texto não vos falarei de mais. Estou cansado e estou em África! O tempo aqui passa ao contrário... A trabalhar, de repente, o dia passou...; Dedicados ao ócio, aqui, o tempo é longo...vou aproveitá-lo e desfrutar desta maravilha.
Amanhã, se a alma mo permitir, conto-vos mais...já experimentei alguns dos mitos que tanto assustam quem ouve falar nisto...afinal, os mitos têm de nascer de algumas verdades...mas não deixam de ser mitos.
Agora vou-me...aqui é África...estamos no Cacimbo...e é de noite...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Preparações & Preparações

Para os menos distraídos, a partida para aquele país tropical é sinónimo de azáfama, (des)organização e muita papelada, entre outras coisas. Começa pela corrida à loja do cidadão, afim de, a tempo, conseguir a documentação obrigatória para o pedido e consequente autorização, ou não, de Visto. Sim, ou não...porque acontece. E atenção que falo apenas no visto ordinário... O visto de trabalho...dá mais trabalho!



Bem, começo com uma pequena lista:
 - Passaporte (loja do cidadão)
 - Registo Criminal (loja do cidadão)
 - Carta de Chamada (empresa contratadora)
 - Extracto ou Saldo de conta em nome pessoal com saldo igual ou superior a 200,00 USD por cada dia de estadia. Chamam-lhe garantia de "bens de subsistência".
 - Boletim de vacinas internacional com a vacina contra a febre amarela em dia.
              - Convém ir a uma clínica de medicina tropical para ouvir uns quantos bons conselhos, saber que vacinas tomar, receber as receitas para a medicação a levar e saber como usar tudo isto...muito e caro.
              - Levar umas quantas injecções:
                       - Febre amarela
                       - Palodismo
                       - Febre tifóide
                       - Hepatites A, B, C
Sim...eu? Todas!



Convém também tirar a carta de condução internacional...só se pode usar a "nossa" lá durante 3 meses...não dá.

Bom, depois disto tudo, é melhor contar passar umas quantas horas no consulado, preencher muita papelada e juntar outra tanta...até conseguir a famigerada autorização e Visto.

Ou então deixar que o colega dos vistos se preocupe com tudo...obrigado Paulo, rei dos Vistos. :D


A partir daí...boa viagem :)

Vou...



Pois bem, criei este blog no seguimento da minha louca vida de nómada (assim designado por outrem) e da mania que tenho de escrever, bem ou mal, dependendo do ponto de vista! Após o rescaldo do meu original "outer space", que por sinal vai e seguirá de boa saúde, achei por bem não misturar as coisas.
Vai daí, criei o Angola de malas & bagagens...
Ora bem, eis que surge um novo desafio. Angola! Pensado? ...não! Ansiado? ...sim, sem dúvida! Mas acima de tudo Arrebatador! ...sim, Arrebatador!
Desde que me recordo, sempre sonhei com uma experiência "lá fora". Fosse ela de trabalho, fosse por ter ganho o euromilhões (que agora está na moda), ou pela perseguição de um amor impossível, o bichinho lá estava. Era uma ânsia capaz de me deixar sem dormir...mas dormia.
Viajei pelo mundo, de férias e em trabalho, tenho sorte! Sim, mas era tudo passageiro, uma semana ali, outra acolá...experiências? Sim, muitas! Mas não o suficiente...digo eu.
Mas se havia de esperar uns quantos anos, porque nada acontece por acaso, surge na melhor das melhores alturas. E de malas & bagagens preparo-me para a tão ansiada aventura. Nunca esperei que fosse ali...tão perto e tão longe do local onde dei os meus primeiros passos...Moçambique (lá perto...relativamente).
Não quero com este blog divagar sobre o aprazível sentido das coisas nem dos sentimentos. Quero apenas relatar. Contar histórias e cativar outros a seguir os passos que espero vir a dar.
Não pensem que vou porque fiquei rico e excêntrico. Também não vou à procura de safaris e outras aventuras de espingarda na mão. Nada disso! Vou trabalhar... De facto, trabalhar! E pelo que dizem, lá, é o que mais se faz. Ok, certo, há-de haver saltos às praias paradisíacas, aos safaris no Parque natural de Quiçama, aos Resorts no meio da Selva, aos bares tropicais nas ilhas, etc... mas isso é acessório.

 

 Vou trabalhar...com tudo o que isso implica! Ajustar a forma de trabalhar, compreender o Mwangolé, passar horas e horas a fio em filas de tráfego descontrolado, atentar aos pilantras que por ali se querem fazer sentir (mal), conhecer Luanda sem GPS, entre outros (maus) hábitos a adquirir.


Mas cá vou eu, dentro de uns dias...depois conto, aliás é para isso que este blog serve...sempre que possa e queira.
Até qualquer dia :).